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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Ocupação levou caos ao Afeganistão, será um novo Iraque quando EUA sair

Afeganistão entra num período de instabilidade

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Exército afegão

Os EUA e o Reino Unido deram por concluídas as operações militares no Afeganistão. Mas a retirada de suas tropas não irá diminuir o número de problemas existentes naquele país.

Em vez da Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF, em sigla inglesa), a qual contava com 139 efetivos no início de 2015, ao Afeganistão será enviado um contingente de 12 mil pessoas. A nova missão já não será puramente militar – os soldados e oficiais dos EUA e da OTAN poderão se defender, mas não terão direito de participar de combates, sendo encarregados de missões de preparo e instrução do exército e da Polícia que, por sua vez, irão assumir a responsabilidade pela segurança nacional.
Na ótica de peritos, o exército afegão não tem grande potencial em termos de recrutamento devido à existência de contradições étnicas, afirma Nikita Menkovich, perito do Conselho Nacional de Assuntos Internacionais, especialista em assuntos do Afeganistão e países asiáticos:
“É pouco provável que, num futuro próximo, o exército afegão possa alcançar os padrões da Rússia e dos EUA quanto ao nível de preparação, equipamento e qualificação dos efetivos. Todavia, algumas perspectivas existem. O exército tem apostado em métodos modernos de contratação: se realizam campanhas de publicidade e os militares passam a beneficiar de certas regalias sociais. Nas condições da elevada taxa de desemprego, tais medidas vêm estimulando a população. Por exemplo, na altura houve em que o exército soviético enfrentava grandes problemas, tendo tentando adaptar mancebos de zonas rurais mais distantes. No entanto, as principais tarefas foram solucionadas. No exército afegão, a situação tem sido semelhante. A tarefa primordial – dar a conhecer aos recrutas as fundamentais normas estatutárias e técnicas, acabar com o analfabetismo. O exército poderá desempenhar um papel educacional para uma boa parte de habitantes de sexo masculino que, além disso, terão a oportunidade de adquirir hábitos sociais e profissionais”.
É evidente que o Taliban não será neutralizado exclusivamente por meios militares. A retirada das tropas de coalizão vem comprovado esse fato consumado.
Um fator básico que veio causar o fracasso do Ocidente no Afeganistão tem sido um rumo político ineficiente e a tomada de decisões precipitadas. Os EUA tinham encarado a situação sob um prisma simplista e não se viram preparados para desatar um grande nó dos problemas internos afegãos. Com isso, não tinham nem o desejo, nem o tempo suficiente para estudar a experiência da União Soviética, sustenta o politólogo Stanislav Tarassov numa aparente alusão à intrusão soviética no Afeganistão nos anos 80 do século passado:
“Quando a URSS enviou suas tropas para o Afeganistão, decidiu que, a par da presença militar, iria alterar o panorama econômico-social. Os EUA não conseguem fazê-lo. Se consideram um “país de primeiro golpe”. Eles destroem primeiro e depois seus aliados e as forças compradoras procedem à edificação de uma nova vida. No Afeganistão, tal plano sofreu fiasco. Durante a sua presença naquele país, os norte-americanos acabaram por formar uma elite de ânimos compradores que está abandonando o país juntamente com as tropas de coalizão. Mais do que isso, os EUA têm de entabular conversações secretas com seus adversários – o movimento Taliban”.
As forças dos EUA e da OTAN estão se retirando do Afeganistão, deixando o país numa situação dificil mas não irremediável, considera Ekaterina Stepanova, dirigente do Grupo de Pesquisa de Problemas Mundiais e Conflitos. Por um lado, o litígio armado vai continuando, apesar de ter sofrido algumas alterações, adquirindo a forma de confrontação entre os insurretos e as Forças Armadas do Afeganistão. Por outro lado, é pouco provável que o equilíbrio das forças seja violado de forma mais radical desde 2014. Também não se afigura muito viável uma perspectiva de progresso no processo de regularização.
Os talibãs poderão abraçar a perspectiva de conversações de paz desde que “submetam à prova” o exército afegão e o governo após a retirada da maior parte das tropas do Ocidente. Deste modo, conclui a perita Ekaterina Stepanova, o Afeganistão irá entrar num período de elevada instabilidade e “acomodação” das partes conflitantes perante a nova realidade política.
http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_10_27/Afeganist-o-entra-num-per-odo-de-instabilidade-6170/

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